A Polícia Federal afirmou, nesta quarta-feira (7), que exames realizados em algumas pessoas supostamente vacinadas pela cuidadora de idosos Cláudia Mônica Pinheiro Torres, em Belo Horizonte, demonstram que não houve aplicação de nenhum imunizante contra a Covid-19. O número de vítimas já pode passar de 2 mil, segundo a PF.
De cordo com o Delegado Rodrigo Morais, algumas pessoas que procuraram a mulher fizeram exames laboratoriais para detectar anticorpos para Covid-19. Os resultados, até agora, têm dado não reagente tanto para o anticorpo IGM quanto para o IGG, ou seja, não houve vacinação contra a doença. A Polícia Federal não informou a quantidade de pessoas que não tomou a vacina.
Segundo a PF, Cláudia Mônica Pinheiro Torres já trabalhou em uma clínica de vacinas, com uma carteira falsa do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro. A corporação já pediu à clínica todas as informações sobre a mulher.
Nesta quarta-feira (7), a PF ouviu dois envolvidos no suposto esquema de vacinação. Os nomes deles não foram divulgados. Até sexta-feira (9), 60 pessoas devem prestar depoimento.
Um laudo pericial confirma que parte do material apreendido na casa de Cláudia é soro fisiológico, e não imunizante contra a Covid-19.
De acordo com as investigações, além de empresários do setor de transporte, moradores de um condomínio de luxo no bairro Gutierrez, em BH, foram supostamente vacinadas pela falsa enfermeira, e nenhuma delas confirmou ter pedido um comprovante a ela para saber qual imunizante estava, de fato, recebendo.
O fato teria ocorrido em três ocasiões no mês de março. Cláudia teria vacinado moradores de, pelo menos, três apartamentos e cobrado R$ 600 pelas duas doses da suposta vacina contra a Covid-19 (o mesmo valor que os empresários do setor de transporte teriam pago).
Nesta terça-feira (7), a corporação ouviu um desses moradores, o empresário Marcelo Martins de Araújo, dono de um haras na cidade de Florestal, na Grande BH.
Ele recebeu a primeira dose no dia 5 de março e pode ter indicado os serviços da falsa enfermeira a Rômulo Lessa, um dos controladores da empresa de ônibus Saritur. Marcelo disse, ainda, que comprou a vacina acreditando que fosse da Pfizer.
A defesa da suspeita informou que não se manifestará enquanto não tiver acesso aos depoimentos de testemunhas, demais documentos a serem juntados aos autos e aos outros procedimentos sigilosos realizados pela Polícia Federal.
A previsão da corporação é encerrar as investigações até o final deste mês.